A CNN americana divulgou uma nova pesquisa para as eleições presidenciais do dia 05 de novembro de 2024. Os números trazem o ex-Presidente Donald Trump na frente com 49% das intenções de votos, contra 43% do atual Presidente Joe Biden. Um clima de “oba-oba” e “já ganhou” tomou as redes sociais, mas Trump está realmente quase eleito?
Passados quatro anos, a administração de Joe Biden acumulou diversos revezes e quebra de expectativas pelo caminho. Em julho de 2021, alterando o cronograma do pentágono e da administração Trump, realizou uma desastrada retirada do exército americano do Afeganistão. O saldo final para o mundo foi: 80 bilhões de dólares de equipamentos bélicos abandonados, atentados a bomba no aeroporto de Cabul, afegãos subindo nas asas e trem de pouso de aviões, tentando fugir do país e despencando do céu no meio da cidade.
Biden, durante quatro dias, mostrou-se perdido, sem contato claro com aliados e deixando outros países no escuro, como a Alemanha, que chegou a realizar incursão armada com seu exército para resgatar seus cidadãos e até mesmo americanos que encontraram pelo caminho.
O episódio demonstrou uma profunda descoordenação entre Casa Branca e pentágono, o que fez com os rivais diplomáticos e bélicos dos EUA realizassem movimentos importantes nas relações diplomáticas e na geopolítica: Rússia invadindo a Ucrânia, Irã reforçando seu programa nuclear e também aumentando o fomento em grupos terroristas no Oriente Médio, a Coréia do Norte retomou abertamente testes balísticos e fechou acordos de cooperação militar com Rússia e China, diversos golpes de estado ocorreram na África.
Após sua administração entrar em embate diplomático com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, eclodiu uma guerra aberta entre Israel e Hamas, que atua como um exército por procuração para o regime iraniano.
Internamente, Joe Biden não conseguiu entregar as promessas progressistas de sua agenda verde, enfurecendo o eleitorado jovem, além de um aumento significativo da imigração ilegal, conforme a ineficiência de sua vice, Kamala Harris, em lidar com a questão a qual foi incumbida.
Estes fatores impactaram não somente na percepção de segurança no mundo, mas também no custo de vida do americano médio, influenciando diretamente a percepção do eleitorado de sua administração.
Hoje, ao comparar as duas administrações, 55% de todos os americanos dizem ver a presidência de Trump como um sucesso, enquanto 44% a veem como um fracasso. Para nível de comparação, em uma pesquisa de janeiro de 2021 feita pouco antes de Trump deixar o cargo e dias após o de 6 de janeiro, onde ocorreu a invasão ao Capitólio dos EUA, 55% consideraram seu tempo como presidente um fracasso.
Avaliando o tempo de Biden no cargo até agora, 61% dizem que sua presidência foi um fracasso, enquanto 39% dizem que foi um sucesso. O número é muito pior do que os 57% que consideraram o primeiro ano de seu governo um fracasso em janeiro de 2022, com 41% chamando-o de sucesso.
Mesmo com estes números e falhas importantes de sua administração, é possível cravar uma vitória garantida para Trump? A resposta é um sonoro não.
O principal motivo, que acaba levando muitos brasileiros a este engano, é o sistema de votação americano, que não é por maioria absoluta, mas sim pelo colégio, ou assembleia eleitoral dos 50 Estados Americanos.
O presidente se elege em uma assembleia formada por 538 delegados. Este número é igual à soma de 100 Senadores + 435 Deputados + 3 Delegados de Washington D.C., que não tem senadores, mas sim delegados. Cada estado contribui com um número de delegados, cujo número é igual à soma de seus deputados mais seus senadores no Congresso. Exceto Washington D.C., que não tem senadores, mas sim três delegados. Como há 538 delegados no total, um candidato precisa de pelo menos 270 para ser eleito. O que se traduz em metade dos 538 (ou 269) + 1 = 270 delegados a serem eleitos presidente dos Estados Unidos.
Desta forma, cada Estado americano, de acordo principalmente com a sua população, possui um número de delegados. Fazendo com que Estados como Nova York, Califórnia e Texas, por exemplo, tenham um peso grande no resultado. Para fins comparativos, nas eleições presidenciais de 2016, Hillary Clinton venceu Donald Trump com 2.868.691 votos a mais, porém Trump venceu a eleição na somatória do colégio eleitoral com um placar final de 304 delegados contra 227 de Hillary.
As pesquisas eleitorais davam uma vantagem média de 49% a 44% para Hillary em sua maioria. Semelhante ao que estamos assistindo atualmente em favor de Trump.
O que irá definir o resultado desta eleição não é a somatória dos votos totais, mas o desempenho dos candidatos nos chamados Estados-chave para essa eleição, que neste momento são: Filadélfia, Geórgia, Arizona, Wisconsin, Michigan e Virgínia, todos vencidos por Joe Biden nas eleições de 2020.
Donald Trump tem um longo e duro caminho para percorrer, apesar dos fracassos de Biden. Festejar tão cedo, pode ser um grande erro para o partido Republicano e para quem deposita esperança de mudanças no cenário internacional com a volta de Trump à Casa Branca.