Quase todas às vezes que o presidente Joe Biden aparece em público atualmente, ele alimenta o falatório: será que o idoso Joe será eliminado da corrida de 2024? Será que ele será obrigado a se afastar?
Não é novidade para ninguém que a condição mental de Joe Biden é uma preocupação para os americanos de maneira geral, porém nos últimos meses, esta preocupação tem tomado conta dos estrategistas do partido democrata. Incidentes que levam a esta preocupação não falta.
No último incidente, o ex-presidente Barack Obama foi visto no sábado, 15 de junho, estendendo a mão de Biden e guiando aparentemente o comandante-em-chefe de 81 anos para fora do palco em uma arrecadação de fundos em Los Angeles. Isso aconteceu, dias após Biden ficar imóvel e olhou em branco por um minuto inteiro em uma celebração do Juneteenth, sendo o “Dia da Independência negra”, o evento ocorreu na Casa Branca, enquanto outros cantavam e dançavam ao seu redor. Por fim, Philonise Floyd, irmão do falecido George Floyd, percebeu a pausa preocupante de Biden e enrolou o braço em torno dele para ajudar.
O porta-voz da Casa Branca, Andrew Bates, negou que Biden tenha congelado no vídeo viral, chamando-o de “sensacionalismo barato” que está sendo lançado pela mídia.
Mas parece que não importa quanta água fria a campanha de Biden ou o Partido Democrata jogue sobre este fogo violento da especulação, os americanos não desistirão da Teoria da Substituição de Joe Biden.
É a ideia de que, de alguma forma, o presidente será trocado como candidato do Partido Democrata antes das eleições de 2024.
“Desistir seria um grande risco. Mas há um limite abaixo do qual continuar a correr é um risco maior”, escreveu o guru das pesquisas Nate Silver nas redes sociais na semana passada. ‘Já estamos lá? Não sei. Mas é mais do que justo perguntar.
Silver, fundador do site FiveThirtyEight, observou que o índice médio de aprovação de Biden atingiu um novo mínimo de 37,4%. E a principal preocupação dos eleitores é a idade de Biden, que Silver concluiu ser, ‘uma preocupação extremamente compreensível, [já que] Biden parece/age com sua idade e é uma grande exceção para ficar no cargo até os 86 [anos]’.
O colunista da Atlantic, Mark Leibovich, carimbou cruelmente o presidente de ‘Ruth Bader Biden’ no início deste mês.
Trata-se de uma referência à falecida juíza do Supremo Tribunal, Ruth Bader Ginsburg, que certa vez irritou algumas alas da esquerda ao recusar-se a se aposentar durante a presidência de Barack Obama e posteriormente faleceu durante o mandato de Donald Trump, permitindo ao presidente republicano nomear uma juíza conservadora.
E James Carville, o mentor político por trás das campanhas presidenciais de Bill Clinton, disse categoricamente este mês que Biden não deveria ter concorrido à reeleição.
Agora, um último esforço dos apoiantes de Biden para silenciar os seus críticos no partido Democrata pode revelar-se a sua ruína final.
Segundo o figurão democrata, e guru da campanha de Obama, David Axelrod, a equipe de Biden agendou para 27 de junho um dos primeiros debates presidenciais da corrida eleitoral para provar aos pessimistas que Joe não vai a lugar nenhum.
Mas a aposta acarreta um risco tremendo.
Embora um desempenho eficiente de Biden no debate ajude a reunir os democratas em seu apoio, um passo em falso significativo apenas alimentaria mais conversas sobre a substituição.
O ex-conselheiro de Clinton e especialista em pesquisas, Mark Penn, sugeriu que o debate na CNN será a última chance de Biden de garantir aos eleitores que está apto para o cargo.
‘Eles lançaram deliberadamente o desafio para um debate precoce’, disse Penn, ‘e acho que esse será o ponto no qual os americanos julgarão: ele está pronto para outro mandato ou não.’
Agora, segundo descobriu o Jornal DailyMail da Inglaterra, se Joe tropeçar neste primeiro confronto com Trump ou se os seus números nas pesquisas continuarem a cair, será necessária uma frente unida dos grandes nomes da esquerda americana para fazer Biden jogar a toalha.
“As únicas pessoas que poderiam forçá-lo a sair seriam Barack Obama, Bill Clinton, Nancy Pelosi e Chuck Schumer”, disse um estrategista democrata ao Daily Mail. ‘Teriam que ser os quatro juntos.’
E o processo seria de alto risco.
Um consultor descreveu teatralmente o nível de dificuldade de substituir o seu candidato como semelhante a tentar virar aquele navio porta-contentores condenado que tombou na ponte Francis Scott Key, em Baltimore, em Maio.
Essa triste história terminou com um colapso total e seis mortes.
Mas outros membros do partido admitem que a troca de candidatos poderia funcionar se tudo fosse cuidadosamente planejado e executado.
O colunista político Joe Klein teorizou num boletim informativo recente que se Biden se retirasse, “um jovem candidato vigoroso — não me pergunte quem — poderia conquistar o país com um único discurso na convenção em agosto”.
No cenário de Klein, o salvador do Partido Democrata proferiria um discurso inspirador ao estilo Obama, semelhante ao seu famoso discurso na Convenção Democrata de 2004, que reuniria rapidamente Democratas insatisfeitos e independentes moderados.
Além disso, escreveu Klein, a prodigiosa antipatia do Partido Democrata por Trump uniria quaisquer facções insatisfeitas em torno de um novo candidato.
No entanto, há outra complicação potencial.
Como líder reconhecido do Partido Democrata, um Biden teimoso poderia recusar-se a renunciar e lutar até ao dia das eleições, mesmo que o partido fique cada vez mais exasperado com o seu desempenho.
Biden está extremamente orgulhoso das suas realizações no primeiro mandato, que ele — duvidosamente — afirma serem mais significativas do que os triunfos de outros presidentes modernos.
Além disso, embora Biden respeite a antiga presidente da Câmara, Nancy Pelosi, Bill Clinton, e o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, o seu crescente ressentimento em relação a Barack Obama tornou-se dolorosamente claro.
O ex-presidente apoiou Hillary Clinton em 2016 em vez de Biden nas primárias democratas e até tentou impedir a candidatura de seu vice-presidente em 2020.
Ironicamente, tanto Barack como Michelle Obama parecem ter mantido distância intencionalmente da Casa Branca de Biden, sabendo que as suas aparições públicas provocam nostalgia pelos dias em que os eleitores gostavam de sua administração.
Barack Obama fez uma breve aparição no jantar de Estado na Casa Branca para o presidente queniano no final de maio e Michelle não estava à vista.
A Sra. Obama, que não tem sentimentos pessoais próximos pelos Biden, de acordo com uma fonte democrata bem relacionada, ignorou categoricamente o convite.
Esse incidente preocupante na arrecadação de fundos democrata realizada no Peacock Theater, no centro de Los Angeles, na noite de sábado, apenas ressaltou a perspectiva preocupante da campanha de Biden.
O vídeo mostra Biden fazendo sinal de positivo com o polegar para o público antes de olhar rigidamente para a multidão. Obama, ainda sorrindo e acenando, pega Biden pelo pulso e lhe dá um leve puxão para que ele saia do palco.
Na segunda-feira, em resposta as especulações publicadas pelo Daily Mail, um porta-voz de Nancy Pelosi reiterou o seu apoio ao Presidente, dizendo ao jornal que “Nancy Pelosi tem total confiança no Presidente Biden”.
A máquina do Partido Democrata decidiu agora realizar uma nomeação online, completada com uma “convocação virtual”, para selecionar formalmente Biden como seu candidato antes da convenção do Partido Democrata em Chicago, em meados de agosto.
Parte da razão para se tornar “virtual” é garantir um processo mais controlado caso o partido decida selecionar um candidato substituto. Nesse caso, os principais líderes democratas elaborariam discretamente o candidato substituto com antecedência.
Essa pessoa não seria a vice-presidente Kamala Harris, segundo fontes, que observaram que Harris já teve que se defender de uma pressão para substituí-la na chapa.
“Não seria Kamala. Kamala Harris só se tornará a indicada se Biden falecer”, disse uma fonte de forma contundente.
Outra fonte política democrata, acredita que Harris falhou tão gravemente como vice-presidente que tornou quase impossível a renúncia de Biden — porque o partido teria de enfrentar um retrocesso progressivo ao ignorar a potencial primeira mulher negra presidente.
Mas se não for Harris, então quem? A ex-candidata presidencial democrata Hillary Clinton pode substituir a vice-presidente Kamala Harris como companheira de chapa do presidente Biden, argumentou a colunista do Washington Post Kathleen Parker: “Ninguém a mencionou como uma possível companheira de chapa de Biden até onde eu sei, mas por que não substituir Harris por Clinton? Aos 76 anos, ela pode não querer fazer parte disso, mas é difícil se aposentar quando você sente que seu trabalho não está feito”, escreveu Parker, argumentando que Clinton é uma das poucas líderes do Partido Democrata que tem respeito e “centrismo relativo” suficientes para ser uma candidata séria a substituir Harris. Se Biden precisar renunciar, mesmo aqueles que não votaram em Clinton teriam confiança em sua capacidade de manter o país nos trilhos”
Kathleen Parker continuou descrevendo que Kamala Harris é um “obstáculo significativo” para a vitória de Biden em novembro, especialmente porque Harris continua a sofrer com pesquisas ruins que só foram agravadas por seu “desempenho sem brilho” no cargo. Ela ainda prevê inclusive uma migração de votos de Trump para a chapa democrata: “Mais independentes e republicanos desencantados poderiam balançar para Biden se não fosse pela perspectiva de uma presidente Harris – não por causa de seu sexo, raça ou qualquer outra categoria demográfica, mas por causa de sua competência, ou falta dela”.
Os estrategistas teorizam que os democratas teriam que realizar um evento público para transferir simbolicamente o poder ao novo candidato. Biden, Obama, Clinton, Schumer e Pelosi apresentariam e endossariam publicamente o candidato ungido.
Eles também teriam que convencer Harris a apoiar o substituto, o que seria uma experiência dolorosa para alguém que protege tão ferozmente seu futuro político.
E a substituição de Biden também seria um risco para o candidato substituto. Caso ele assuma o risco e levantar a bandeira pelo partido e depois perder para Trump em novembro, a sua carreira política pode nunca se recuperar.
Todos os democratas podem ter algumas decisões dolorosas pela frente.
Biden disse que a democracia americana está em jogo nas eleições de 2024.
Porém, se o seu partido se convencer de que ele perderá, será pressionado a tomar medidas drásticas — talvez até inimagináveis.