“A paz internacional é como um depósito de pólvora: basta um fósforo para tudo explodir.” — Paulo Henrique Araújo
O relógio da guerra voltou a correr — e desta vez, entre dois países que possuem armas nucleares apontadas um para o outro.
Na madrugada desta terça-feira (horário do Paquistão), o ministro da Comunicação do país realizou uma coletiva de imprensa às 2h da manhã. Em tom grave, afirmou que o país está sob ameaça de um ataque indiano iminente — dentro de um intervalo de 36 a 48 horas. Prometeu uma resposta à altura.
O alerta vem dias após um atentado terrorista na Caxemira, que deixou mais de 20 mortos. Os autores? Um grupo de militantes paquistaneses que acusam o governo indiano de realizar uma limpeza étnica contra a população muçulmana da região.
A Índia, por sua vez, acusa o governo paquistanês de financiar diretamente o terrorismo islâmico.
A Caxemira: o campo de faíscas da Ásia
Desde a partição da Índia Britânica em 1947, a Caxemira é um barril de pólvora. Controlada majoritariamente pela Índia, a região abriga uma grande população muçulmana, e já foi palco de três guerras entre os dois países.
A última crise grave havia ocorrido em 2019, quando um atentado matou dezenas de soldados indianos e levou a uma retaliação aérea. Agora, a situação voltou a escalar.
O BRICS implodindo por dentro
A tensão entre Índia e Paquistão escancara a falência moral e geopolítica do BRICS.
De um lado, a Índia é potência nuclear e membro tradicional do grupo.
Do outro, o Paquistão busca adesão — com apoio da China.
E o que temos?
– A China apoiando o Paquistão
– A Índia em crescente tensão territorial com a China, especialmente na região de Ladakh
– E a Rússia, aliada comercial de ambos, silenciosa
Como manter um bloco geopolítico onde seus integrantes se veem como ameaças existenciais?
A tríade nuclear e a ameaça real
A Índia possui a tríade nuclear completa: capacidade de lançar ogivas por ar, terra e mar. Já o Paquistão depende de silos terrestres.
A doutrina indiana prevê uso nuclear apenas em caso de ataque.
A doutrina paquistanesa é dúbia — admite o uso preventivo.
Estamos diante de duas nações que se acusam mutuamente de patrocinar terrorismo.
Ambas com vastos arsenais militares.
Ambas com alianças estratégicas globais.
Ambas envolvidas em disputas indiretas com China, Irã e Estados Unidos.
O Talibã à espreita
O Afeganistão também entra no tabuleiro.
Com parte do exército paquistanês voltado à fronteira oriental, o Talibã pode aproveitar a fragilidade e atacar a região oeste.
O risco de uma guerra em duas frentes não é remoto.
E em um mundo onde o caos se espalha por ondas — Ucrânia, Gaza, Coreia do Norte, Kosovo, Venezuela — o sul da Ásia pode se tornar o próximo epicentro.
A ONU? Irrelevante.
Em meio à escalada, fala-se em uma possível reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU.
Mas alguém ainda leva a ONU a sério?
O secretário-geral António Guterres se tornou um espectador decorativo de conflitos que não consegue mediar, conter ou sequer entender.
Conclusão: a Índia pode explodir o equilíbrio global
Se confirmada, a incursão indiana no Paquistão será o maior abalo no eixo asiático desde a guerra de 1971.
E a diferença é que agora, ambos têm ogivas nucleares.
E a China está na retaguarda.
O mundo está em uma nova era de conflitos simultâneos.
E a pergunta não é mais “se vai estourar”.
É onde — e quantos fósforos ainda restam.