Nota de Rodapé 431: Discurso Lula e Maduro no Brasil 2023

A missão de Lula da Silva [colocar Maduro na reunião da Unasul] não era das mais simples, pois seria necessário convencer os países não liderados por membros do Foro de São Paulo no continente, sobretudo os membros do Mercosul, Uruguai e Paraguai, além de auxiliar em prestígio midiático e diplomático Alberto Fernández, que ainda tratava como possível sua candidatura à reeleição na Argentina. O grande empecilho para este intendo era justamente a figura de Nicolás Maduro, o grande bastião de resistência do momento mais crítico da história do Foro de São Paulo e o promotor da “brisita bolivariana”, que desestabilizou diversos países no continente, como visto anteriormente.

A chegada antecipada de Maduro, com todas as pompas de Estado em sua recepção, não fora por acaso. Lula planejava utilizar a sua imagem e prestígio ainda vivos na cúpula da CELAC de janeiro na Argentina para criar uma zona de pressão silenciosa às possíveis objeções do velho companheiro. No dia seguinte à sua chegada, Lula recebeu Maduro no Palácio do Planalto, sede do governo brasileiro, com gracejos e dizendo informalmente aos jornalistas presentes que o presidente venezuelano “era gente boa”. O que se seguiu foi um discurso conjunto de ambos os presidentes, recheado de narrativas milimetricamente recortadas da realidade e com a intenção de estabelecer Nicolás Maduro como uma vítima internacional.