Umas das empreitadas de maior sucesso do movimento revolucionário na sociedade ocidental foi a de alimentar os desejos individuais de cada pessoa. O homem ocidental, com sua cultura baseada na filosofia grega e na moral cristã sempre observou os direitos e deveres do indivíduo, manipular este senso de maneira cuidadosa rendeu resultados.
Ao longo do século XX, tivemos a oportunidade de assistir de maneira continua a pasteurização do homem ocidental em um processo ambíguo, onde ele prezava sempre pela sua individualidade espelhada em valores coletivos. Esse processo foi observado por Ortega y Gasset, ainda nos anos 1920, onde ele definiu que o século XX seria o século do “Homem Massa”.
Isso levou as sociedades ocidentais a uma necessidade de aceitação coletiva de ideias, costumes, ações e pensamentos, sempre colocando o individuo no centro. Mas ao contrário do que preza a moral cristã que tem na caridade a sua principal característica, vimos o homem colocar-se no centro com valores baseados no ego e acima de tudo no orgulho. Pode parecer desconexo para muito, mas estes pequenos detalhes foram determinantes para o modo que as sociedades passaram a encarar não somente a sua própria vida, mas toda a sua cultura, colocando-a em segundo plano e aceitando tudo que viesse espelhado como bom, com comportamentos pasteurizados e mentalidade formada em caixas pré-formatadas.
Hoje, boa parte da sociedade ocidental foi contaminada neste processo, em que é mais importante saber o horóscopo da semana do que os valores fundamentais da história de seu país. O ocidente está em um sono profundo, desconectado de suas raízes fundamentais e históricas. Hoje somos uma massa de pessoas que não possuem o que preservar, pelo que lutar e encaramos tudo em um jogo de soma zero.
Enquanto o ocidente estiver dormente e observando os acontecimentos atuais com o olhar histórico da última eleição, estaremos fadados a um jogo de pique bandeira.
O problema? Nossa civilização está sendo destruída por dentro e aceitará o dominador externo, crendo que será salvo por ele.
Vivemos em sociedades que não sabem o nome dos avós, como esperar que saibam o seu lugar no tempo histórico e suas raízes culturais?
Para a maioria, o que realmente importa é somente em quem vamos votar e não o que vamos conservar.
Somos conservadores sem profundidade histórica, em suma, conservadores somente no nome e que não sabem o que querem conservar.
A se julgar pela média que se vê em redes sociais, os “conservadores” querem apenas conservar o Bolsonaro no poder, ver ele feliz e falando suas bravatas.
Nada é estático, na dinâmica da vida devemos buscar a sabedoria sobre os valores a ser preservados e os que naturalmente devam ser modificados. Saber o que preservar é o grande desafio da nossa existência.
Muito bom, PH. Excelente análise. Coloco a minha pessoa nesse enredo, pois a duras custas entendi que a política eleitoral não trará o resultado que nos conservadores esperamos, precisamos fazer algo concreto nas nossas bases (vizinhança, bairro, cidade etc.). Fundei, junto com outras pessoas, uma ONG que trabalhará com aulas de reforço e demais atividades voltadas à educação e, em paralelo, buscaremos realizar ações que mudem o imaginário das pessoas a nossa volta da importância de limitarmos as ações do estado e da importância de cultivarmos o que nossa cultura realizou ao longo dos milênios. Tudo isso com uma linguagem acessível e dinâmica.