O “conservador” carente por um “mestre” para chamar de seu

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Uma das coisas mais perigosas no campo da política, principalmente ideológica, é a busca incessante por viés de confirmação. Isso faz o sujeito passar pano para absurdos e muitas vezes criar narrativas e propagá-las aos quatro cantos para convencer a si mesmo. O que o leva a brigar com todos ao seu redor para mostrar que está completamente certo ideologicamente.

No meio deste processo, a tendência é sempre ignorar todo e qualquer sinal da realidade que se apresente. Quando não o ignora, simplesmente cria uma história que encaixe tudo, no melhor estilo Sherlock Holmes, dando uma pirueta ideológica para no final sair como um ser superinteligente. Porém, na maioria das vezes as respostas são claras e, presos na fantasia desejosa, recorrem a máxima: “você não está entendendo o jogo, as peças estão sendo mexidas.”

O que mais temos visto é uma quantidade enorme de pessoas que, desesperadas por este viés de confirmação, acreditam piamente em todo o “canto da sereia” proferido por um coronel da KGB soviética, que mente abertamente, tentando ocupar um espaço vago no coração dos conservadores órfãos de uma liderança política deste espectro.

Quando confrontados com os fatos históricos eles dizem: “Mas o Putin abandonou o comunismo”. Essa simples afirmação interior, muito mais para convencer a si mesmo do que o seu interlocutor, produz um alívio instantâneo e a mesmo tempo a inquietação e raiva por qualquer um que diga o contrário. É em suma um exemplo claro da alegoria da Caverna de Platão, onde aquele que enxerga a realidade além dos vultos na parede é perseguido e morto por seus colegas prisioneiros.

A imagem abaixo é deste dia 09 de maio de 2023, data que a Rússia comemora o dia da vitória na Guerra Patriótica (Segunda Guerra mundial). Podemos observar com destaque toda a simbologia comunista em seu esplendor. Neste ponto alguns podem estar pensando: Mas é só um respeito pela questão histórica. Ora, mas isso contradiz frontalmente a narrativa de que o Coronel da KGB abandonara o comunismo, pois se o tivesse realmente abandonado, o reconheceria como um erro, e a partir disto, iria trabalhar para não deixá-lo como um símbolo de orgulho nacional.

A ideologia, seja ela qual for, se não estiver baseada em valores morais transcendentes firmes e claros é somente um joguete emocional para conquista do poder, onde aqueles que controlam o discurso usam as costas dos desesperados como trampolim para ascenderem ao poder.

A principal arma destes é justamente a ignorância projetada em corações aflitos e angustiados verdadeiramente por mudanças, mas que ignoram todo o processo histórico e como as coisas chegaram no estágio atual, que acreditam piamente que palavras emuladas em discursos milimetricamente pensados irão mudar a realidade. Não sejamos presas fáceis para lobos em pele de cordeiro…

2 comentários sobre “O “conservador” carente por um “mestre” para chamar de seu”

  1. Geovane disse:

    Excelente texto! E mesmo assim, com toda explanação e evidências, tem muita gente que crê num “Putin salvador”.

  2. Marcia Sampaio disse:

    Muito elucidativo e de fácil entendimento. Tentei explicar isso aos meus amigos e nunca consegui. Ainda me cobram uma certa “dificuldade” em fazer o viés de pertencimento.

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